OLHOS, UM LAGO DOCE
LAGO DOCE
Para Elisane Lehr
Que belos olhos! Claros como um lago doce,
de longos juncos, o sobranceiro negrume.
Penso ver nele de sorrisos um cardume,
que, em se movendo, de simpatias ornou-se.
E a dona desse olhar, esse gasoso lume?
um anjo celeste, embora a mulher esboce,
como se fada madrinha do vate fosse,
ou, quem sabe, até, do Olimpo, divino nume.
E ela, a mulher, noiva de empatia solene;
o monumento vivo da arte – perene,
guardiã desses olhos no terreno plano;
luz que guia a pena do poeta à beleza,
sem retoque à arte exímia da natureza,
no intuito de eternizar um anjo profano.