A AMBIÇÃO [CLII]

Ela vem não se sabe de que mau rincão;

difusa cresce, só aumenta, não prospera

e jaz nas furnas mais nojentas da quimera

– seu nome deplorável chama-se ambição.

Jamais farei painel completo da megera,

que se vale de ardis e leis, sem dimensão,

tal a teia que trama em prol de ter à mão

o mando das vontades más que tanto gera.

Quem nasce ambicioso nunca tem conserto;

feito a erva daninha, não se presta a nada,

pois para si cobiça o mundo e tudo almeja.

Tê-lo junto de nós, ai, isto vai a desacerto...

Algum que n’ambição montar roça e morada,

infeliz, só faz jus a que Deus o proteja.

Fort., 21/12/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 21/12/2009
Reeditado em 21/12/2009
Código do texto: T1989519
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