Soneto Embriagado
Venho até você, paixão cega
E me abraço, no seu calor, na sua pele.
Eu só sei chorar, sou tão brega,
Assim, me derramando, tudo me fere,
Como lanças no peito marcado
E não tem dor que revele ou cura.
Sou esse soneto embriagado,
Doentia palavra de loucura,
Que desenha feita tela,
Pintura nos olhos de poesia
E me abro e navego feito barco a vela
E me perco, num mar febril,
Só te olhando, olhar profundo
E faço de mim mesmo soneto embriagado.
(Rod.Arcadia)