A ENFERMEIRA

A ENFERMEIRA

As hulhas negras que em seus olhos brilhavam

era o que de mais nu nela se via;

no corpo, que o pano branco cobria,

doces curvas e relevos falavam.

O torneiro do céu fez poesia;

hábeis mãos, quando a pele acarinhavam,

a um doce beijo de amor instigavam,

quiçá à paixão, mas quem se atreveria!

Jamais tanto odiei o pano que esconde,

mas a mente vê com nitidez aonde,

linda e verdadeira encontra a escultura.

Nunca amei tanto essa capacidade

da visão raios xis – sagacidade:

ver um corpo entre panos na clausura.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 20/12/2009
Reeditado em 23/12/2009
Código do texto: T1987114
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.