A ENFERMEIRA
A ENFERMEIRA
As hulhas negras que em seus olhos brilhavam
era o que de mais nu nela se via;
no corpo, que o pano branco cobria,
doces curvas e relevos falavam.
O torneiro do céu fez poesia;
hábeis mãos, quando a pele acarinhavam,
a um doce beijo de amor instigavam,
quiçá à paixão, mas quem se atreveria!
Jamais tanto odiei o pano que esconde,
mas a mente vê com nitidez aonde,
linda e verdadeira encontra a escultura.
Nunca amei tanto essa capacidade
da visão raios xis – sagacidade:
ver um corpo entre panos na clausura.