Despi-me de voce em farrapos
Despi-me de você em farrapos, aos trapos, sem pudor
Deixei que caíssem os fatos, desejos e abraços, o amor
Desfiz-me de seus loucos beijos santos cheios de dor
Como profano desejei o açoite dos anos no andor
Fiquei cego com teus olhos e não via a tristeza ao redor
A sede de meu corpo pelo o teu era a primazia maior
Como se fostes fonte para esse pobre que não tem mas fé
Que esquecido como pintura, apenas vive calado por este amor
Despi-me de você e fiquei nu de mim, e não tive vergonha
Minhas vergonhas expostas para o mundo que chora
E que agora você rir, porque ignora meu despir na aurora
Estou de joelhos tocando o chão molhado imune a morte
Que chega algoz, veloz, e sem dó por me ver caído
Por esse amor despido, ferido, em carne viva de nós...