Tudo culpa do ingrato Amor
Tudo culpa do ingrato Amor
Quando me verei deste mal já curado,
Curado do amor, que consome tanto
Um peito tão triste e já cansado,
Cansado de amarguras, queixa e pranto?
Meu mal é horrendo que causa espanto,
Pois não aparenta desordem o meu estado,
Mas mil vezes maldigo o amor, enquanto
Suspiro em vão e sofro calado!
Mágoa, tristeza, ira, e arrependimento,
Se, pois, não aparentando tais no semblante,
Dentro do carregado peito os sustento.
Mas o coração consolado pela dor,
Ferido sem ter culpa e inconstante,
Não acha à cura para a lei do ingrato Amor.