TRANSMUDAÇÃO [CXLVIII]
Andei tristonho, quase em parafuso;
logo te vi, minha alma iluminou-se;
o peito meu, de novo, destrancou-se
e, ‘bon vivant’, já nem sequer confuso.
Dantes torpor, meu dia fez-se um doce;
o preso, em mim, largou de ser recluso;
autoestima notória pôs-se em uso,
que meu olhar em ti aferrolhou-se.
Amara, a minha vida, agora, doce...
Virei contente, ainda que no fuso,
ao ter-te lindo um riso, tal mais fosse.
E pus no peito um bem demais difuso:
em só felicidade o tempo armou-se,
eu te bebendo, como um vinho luso.
Fort., 14/12/2009.