Descontrole
Na boca o gosto amargo de silêncio...
No peito o descompasso da saudade,
No olhar um nevoeiro turvo e denso;
Sobras do que foi felicidade!
Na pele a sensação de frio intenso
Que o corpo amortecido já não sabe
Se, fruto da saudade, se em ti penso,
Ou navalha mortal da realidade!
Longe de ti só sei que sofro tanto
No descontrole desse amor enquanto
Um rio de emoções passa ao meu lado;
Melhor, porém, a dor de uma paixão,
Do que o vazio estranho, a solidão,
De quem viveu sem nunca ter amado!