TRANSIÇÃO

Um anjo, uma mulher, bateu à minha porta,
com flores nos cabelos e uma forma alada.
Quisera que ficasse (o tempo não importa)
e, uma tarde qualquer, me desse a mão e nada

pudesse coibir que a trilha, embora torta,
surgisse à frente firme, em luz clara e dourada.
Na sua companhia, o amor sempre conforta;
a tepidez do abraço anula a madrugada.

Mas nunca coube a mim, ditar-lhe: “- Agora escolha!”
Apenas quis fruir do canto, um certo gozo,
enquanto perdurou, a ligação fatal.

Não posso reclamar, pois nunca me fez mal,
porém  partiu, deixou-me, em círculo vicioso,
em volta da Poesia: a pétala e uma folha.


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