Abandono da quimera
Senti vento forte. Voou o pensamento.
Rio d’água brava. Diluiu com tortura
E angustia o amor, estéril sentimento,
Por mim enrustido pela censura.
Vê-lo ir-s’embora foi quase lamento.
Foi desistir do que mi tem, da cura
Da falta de pensar por um momento
De que tenho uma paixão real e pura.
Fato é que foi da obsessa quimera
Que cansei que viciei, qual sempre onera
Essencial fantasia: ter-te como posse.
Exonerei, mas temo o dia em que te pego
Flertando por brincadeira ou por ego,
Á única faísca, por ti de novo endosse.