TROPEL DE ALMAS

TROPEL DE ALMAS

Vê-se na carne crua com olor de festa,

o rubro sangue escorrendo da rês viva,

fausto banquete ao paladar do conviva;

baltasário festim – a orgia da besta.

Amigos acorrem à féria lasciva.

Cúmplice abraço, gula, prazer e seresta.

vidas destruídas; no fogo a carne cresta

... e o boi gordo é a ignota vítima passiva!

Se alma tivera, com volta ao plano terreno,

far-se-ia vingar: carne de falaz veneno

de aziaga ardência e vômitos de fel.

Pobre boi, que vai do pasto para a invernada,

na mesa faz-se pasto da turba aluada,

trote sua alma, embora, seu triste tropel.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 06/12/2009
Reeditado em 06/12/2009
Código do texto: T1963031
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