TROPEL DE ALMAS
TROPEL DE ALMAS
Vê-se na carne crua com olor de festa,
o rubro sangue escorrendo da rês viva,
fausto banquete ao paladar do conviva;
baltasário festim – a orgia da besta.
Amigos acorrem à féria lasciva.
Cúmplice abraço, gula, prazer e seresta.
vidas destruídas; no fogo a carne cresta
... e o boi gordo é a ignota vítima passiva!
Se alma tivera, com volta ao plano terreno,
far-se-ia vingar: carne de falaz veneno
de aziaga ardência e vômitos de fel.
Pobre boi, que vai do pasto para a invernada,
na mesa faz-se pasto da turba aluada,
trote sua alma, embora, seu triste tropel.