CONTRADITÓRIOS [CXLVI]
Andemos sós, os dois, sem brigas, simplesmente,
sem grandes lances para amarmos, lado a lado;
melhor de ti viver saudoso, mas contente,
que aí, contigo, perto, desesperançado.
Nossas muralhas seguem, vãs, desde o passado:
tua beleza jovem tão me endoida a mente,
que, na doideira, por não ter-te, deslumbrado,
eu te penso animal, sensual e ternamente.
Tu és contraditória, já, com tanto excesso
e dizes que me amas, mas não vejo um nexo
no virtual dos beijos – toques que não meço.
Também contraditório, eu, é minha essência,
não é vero querer-te só a fim de sexo:
eu te quero, e demais, até por excelência.
Fort., 04/12/2009.