INDESEJÁVEL SOLIDÃO

INDESEJÁVEL SOLIDÃO

Sou maior de rua – da rua da amargura.

Sinto dos passantes o olhar disfarçado,

é a esmola fria, cujo desdém calado

fere mais do que a solidão que me tortura.

No meu trono vivo só (mal acompanhado)

da solidão que é má parceira e insegura;

tagarela, diz do afã da minha procura

do amor/utopia secreto, consagrado.

Bem sabe ela que cuido, se a Deus aprouver,

do paço alijá-la e que num ermo qualquer

teça as malhas das suas intrigas mórbidas.

Só então, sem sua indesejável companhia,

jogo ao lixo essa tortura que me agonia,

livre dos maus conselhos de uma mente sórdida

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 03/12/2009
Código do texto: T1957638
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