INDESEJÁVEL SOLIDÃO
INDESEJÁVEL SOLIDÃO
Sou maior de rua – da rua da amargura.
Sinto dos passantes o olhar disfarçado,
é a esmola fria, cujo desdém calado
fere mais do que a solidão que me tortura.
No meu trono vivo só (mal acompanhado)
da solidão que é má parceira e insegura;
tagarela, diz do afã da minha procura
do amor/utopia secreto, consagrado.
Bem sabe ela que cuido, se a Deus aprouver,
do paço alijá-la e que num ermo qualquer
teça as malhas das suas intrigas mórbidas.
Só então, sem sua indesejável companhia,
jogo ao lixo essa tortura que me agonia,
livre dos maus conselhos de uma mente sórdida