QUEM HÁ DE?
QUEM HÁ DE?
Não vê, no verde vale, aves em alvoroço
em leda manhã, em gozo da liberdade?
Interromper sua fausta sorte, quem há de,
sem que, pós tiro dado, não sinta remorso?
Sobre encapelada onda que a vista invade,
o boto que balseia livre em mar grosso?
Vai, e em consciência diga-me, seu moço,
disparar-lhe torpedo de morte, quem há de?
Quem há de ferir, se o mesmo movimento;
se a liberdade em seu augusto momento,
é um dom e que da culatra sai a morte?
Quem há de olvidar que a arte descabida
do esporte, destrói natureza e vida;
que pra repor, não casa azar com sorte?