Mirada

MIRADA

Sopra um vento cortante, por sobre a calçada,

Uma triste mirada, uma perdida infância.

Porque nada protege, essa vida que cresce,

Coração pequeno, olhar triste de ânsias.

Habita as esquinas, sem ter uma lida,

Uma vida “al pedo” (*), sem perspectivas,

Triste passado do quem era futuro,

Presente tão duro duma onda “sativa”...

Sonhos peregrinos povoam distancias,

Perambulando por calçadas e praças,

Chagas adultas em corpos crianças.

E chegam mais jovens a legião descalça,

Que cruzam a vida, sem ter importância,

Onde a indiferença a todos s’abraça.

(*) al pedo – termo fronteiriço para vagabundo, sem serventia.