O Dragão

O Dragão

Nem mesmo o apocalipse de João

Me fez tão revelado o fogo em gente.

Com a língua peçonhenta qual serpente

Era evidente a fala de um dragão.

Bradava... Abria a boca incandescente

E eu via os dentes, brasas de carvão.

Assim, com a voz servindo a combustão

Partia dele a tocha mais ardente.

Eu nunca fui profeta a ver castigo,

Mas me assombrei com o fim daquele infame.

Então, clamei, jurando ao firmamento:

“Antes da última trombeta ao vento,

Antes que o pérfido de vez se inflame,

Perdôe este dragão! Eu o levo trigo!

Ivo Tavares
Enviado por Ivo Tavares em 28/11/2009
Reeditado em 30/11/2009
Código do texto: T1949342