CRUZ E SOUZA
CRUZ E SOUZA
( Alexandrino )
Do pequeno Desterro surgiu encantado
exibindo na tez escura e na alva palma,
As angustias de escravo recém libertado.
Ora pelo porvir que lhe fustigava a alma.
Requinte de miséria e fome eram tamanhas.
Sofrimento sem fim na vida tão incerta,
Refugiou-se nas terras de altas montanhas,
Procurando tratar-se do "mal de poeta".
Aúgurias tanta perdeu a esposa querida,
Ela sucumbiu com os reveses da vida,
O lume esvairou-se, perdeu toda a luz.
Cruz e Souza também desolado foi embora,
Atrás de se deixando uma obra encantadora,
Poemas doces, carregando a própria cruz.
Goiânia, 27 de março de 1999.