Soneto do amor que foi
Guardei do teu andar os loiros passos
Guardei o afago das tuas mãos a me tocar
Levo na pele o silêncio dos teus abraços
Guardo nos lábios os teus lábios a me beijar
O tempo esteve aqui, não te encontrou
Verteu saudades nas noites vagas das emoções
Compôs o enredo insinuante do que restou
Deixou somente o sabor atávico de outras paixões
Teu corpo esguio flanando em meio à sedução
Era o caminho de prazeres que se anteviam
Abrindo a flor que era morada onde viviam
O acre e o mel oculto nas odes puras da sensação
E a paixão, deleitando-se ávida noite afora,
Bebia os sumos daquele amor que não tinha hora