AROMOSA

AROMOSA

Penso, às vezes: por que conheci a ilusão?

Que vida! Mas de que as queixas se nada falta?

Ou é teu fogo, esse calor superno, que exalta;

chama que queima os tecidos do coração?

Por certo, pois a encontrei inda no asfalto.

Mas... que fazia ela mesmo na estação?

Foi (será?) passear com seu aroma malsão?

Ao desfile levou, talvez, seu sapato alto.

Foi assim que a conheci, bela e aromosa.

Ao ledo perfil por horas climado e atento,

Sorvia-lhe, em êxtase, o doce perfume.

Dentre as lindas mulheres, a mais vaidosa,

mas guardo-a na redoma do pensamento,

consumido, embora, em humilhante ciúme.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 25/11/2009
Código do texto: T1942822
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