AROMOSA
AROMOSA
Penso, às vezes: por que conheci a ilusão?
Que vida! Mas de que as queixas se nada falta?
Ou é teu fogo, esse calor superno, que exalta;
chama que queima os tecidos do coração?
Por certo, pois a encontrei inda no asfalto.
Mas... que fazia ela mesmo na estação?
Foi (será?) passear com seu aroma malsão?
Ao desfile levou, talvez, seu sapato alto.
Foi assim que a conheci, bela e aromosa.
Ao ledo perfil por horas climado e atento,
Sorvia-lhe, em êxtase, o doce perfume.
Dentre as lindas mulheres, a mais vaidosa,
mas guardo-a na redoma do pensamento,
consumido, embora, em humilhante ciúme.