Consolo
Ao sol-pôr o nevoeiro se combina
e nessa tela-linho de brumas e alentos
é que descerra-se a alma da neblina,
vai surgindo um coração cinzento.
Quando passa a fúria trágica dos ventos
se afasta nosso amor do furacão;
sobra só o que foi lume, ficou no esquecimento
o incêndio de quimeras e paixão.
Enquanto o vento se lamenta e chora,
esvai-se em mim tudo que agora
poderia ser a primavera; é solidão.
E nesse vórtice de loucura sou levada
até chegar à delinquência da razão.
Mas preciso por teus beijos ser tragada.