Penhor
Decanto aos suspiros daquela
Que se posta ao tronco do amor vindouro,
Presa aos meios, ao laço de couro
Algemas fechadas ao mundo sem janela.
Decanto a terra agreste em que pisas,
Caminhos que levam a ti suprema
Todo o peso da presa algema
Que contem na terra teu perfume nas brisas.
Contemplo a vida, enquanto decantas
Meus poemas, soltos sem louvores
Sem berços, viagens, sem amores.
Decanto em suspiros enquanto levantas,
Erguida sombra única entre tantas
Tudo, sobretudo entre todos os penhores.