Soneto peregrino

Já parti noutras cruzadas, noutras vidas

Fui cavaleiro num arreio sem ter dorso

No carnaval deste cortejo, ou será corso

No meio do nada, despojada sem guarida

Já me ordenei cristã, sem em mim fazer fé

Travei batalhas mas não sei se as venci

Do meu valor ainda não me convenci

Só muito a custo vou-me mantendo de pé

Sou peregrina, carrego um peito de dor

Talvez eu seja tudo aquilo que não sou

Mas é nos céus que descubro o amor

No palco ri da minha triste e pobre sorte

Fui artesã, moldei em barro a minh´alma

Mas o meu destino não termina com a morte

Fana
Enviado por Fana em 23/11/2009
Código do texto: T1939443
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