Transformação

Um dia, eu me tornei a água que bebias
e pratiquei ser fonte, a saciar-te, pura;
em torno da nascente, apenas alegrias:
a festa do querer é bela enquanto dura.

Um dia, apenas um, eu fui a criatura
que, em mera repressão, negou-te o que sorvias
e, sim, a vida é má, é fato que se apura,
porque a dor preenche a luz e são vadias

as formas do prazer; amores são volúveis...
Sofro. Não posso mais querer-te sem regresso;
fugiu a minha fé na nossa intimidade,

porém é fato, é certo, a dor intensa invade
meu ser que te deseja, em nível que não meço;
nem sempre são na água, os nossos ais, solúveis.



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