BEBERAGEM

Hoje o espaço é de luzes cheio!

Sem esporas, rédeas e freio,

Vamos a cavalo a um destino

Que o vinho torna o céu divino!

[Charles Baudelaire]

Te sorvo na volúpia deste vinho,

Que desce na garganta e feito fel

Azeda nas artérias, faz-me ninho,

Deitando mil memórias a granel.

Em todas elas, eu sempre adivinho

Teu rosto destilado sobre um véu,

De cada uma, retiro todo espinho

E cravo nas entranhas de um papel.

A taça permanece tão vermelha,

É sangria desatada no meu leito,

Voragem palpitante desparelha,

É chama presa, fogo liquefeito

E flamba no fervor duma centelha

E queima na vertigem do meu peito.

Alessa B
Enviado por Alessa B em 20/11/2009
Reeditado em 25/04/2023
Código do texto: T1934304
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