Vítimas

Amantes que se amaram sob o céu

Da noite que os tinha em olvido.

Amor, bem sabe o menestrel:

Houve e não é mais havido.

Meu poema é nada mais que um mausoléu,

Pois tudo o que hoje tenho sido

É um poeta que ama o seu papel

Mais que o futuro antes querido.

E o amor que nasceu no teu adeus

Perdeu-se sem sentir os lábios teus;

Morreu sem ao menos ter vivido.

Cega essa nossa vivência –

Quem depende de algo em decadência –

Vítimas de um horizonte esquecido.