ICONOCLASTA [CXXXVIII]
Dos álbuns, despreguei os teus retratos;
da mente, deletei a imagem tua...
Indo aos jardins e, com firmeza crua,
ceifei as flores, dando-lhes maus-tratos.
E, vândalo, depois, ganhei a rua;
cuspi no ar, rasguei alguns contratos;
quebrei na praça estátuas duns ingratos,
também a herma da De Milus nua.
Um vândalo, talvez iconoclasta,
pois revoltado pária que se basta,
tanto mais longe de um amor perfeito.
Demolidor de tronos, com ternura,
fiz tudo assim, ó linda criatura,
mas para dar-te um templo, por direito.
Fort., 17/11/2009.