Mãos Entrelaçadas

Não deixe que meu sangue (que, ora quente, flui depressa)

Escorra e morra escuro na frieza da tua porta

Belo é o céu de violeta quando a noite recomeça

Que est'hora que inda tenho mal parece uma hora morta

A frieza que inda choro, só por ora, está dispersa

Teu choro que não jorra, no silêncio, me conforta

Não conto desta dor em que minh'alma vive imersa

Meu corpo dolorido, já dormente, não se importa

É quando o derredor, antes marmóreo, se desperta

E todo este universo, meus sentidos, maravilha

No rosto, meu sorriso... É ele só uma chaga aberta

É na hora em que tu voltas que meu corpo todo ri

É ao desejo que me doma que a dormência se humilha:

A ciência de que caio e tuas mãos não estão aqui...!

Gabriel Castela
Enviado por Gabriel Castela em 13/11/2009
Reeditado em 28/04/2012
Código do texto: T1921779
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