Mãos Entrelaçadas
Não deixe que meu sangue (que, ora quente, flui depressa)
Escorra e morra escuro na frieza da tua porta
Belo é o céu de violeta quando a noite recomeça
Que est'hora que inda tenho mal parece uma hora morta
A frieza que inda choro, só por ora, está dispersa
Teu choro que não jorra, no silêncio, me conforta
Não conto desta dor em que minh'alma vive imersa
Meu corpo dolorido, já dormente, não se importa
É quando o derredor, antes marmóreo, se desperta
E todo este universo, meus sentidos, maravilha
No rosto, meu sorriso... É ele só uma chaga aberta
É na hora em que tu voltas que meu corpo todo ri
É ao desejo que me doma que a dormência se humilha:
A ciência de que caio e tuas mãos não estão aqui...!