A Métrica de Um Poema Peregrino
“Meu verso é sangue”
Manuel Bandeira.
Quando encaro o enigma da palidez do papel,
Busco apenas o que não é belo, pois a beleza
É apenas uma estética, sem nenhuma certeza
Do sacrifício de transpor a essência como fel.
O amargor do meu Eu surge com leveza
Fitando algo sublime e também muito fiel:
Um íntimo expondo uma essência de bordel
Que é e sempre será minha infernal defesa.
O mundo me ataca e ao diabo ofereço um anel
Propondo um elo entre minha alma e o obscuro
Que não passa de um ser que ao mundo é infiel.
Ao mundo também sou desleal, pois de puro
Já não lhe enxergo nada, apenas versos em papel
Que cintila a nossa essência, brilha num fogaréu...