ESTIAGEM

D U R A N T E...

ESTIAGEM

Que lindo dia, meu Pai! Outono sem ventos.

Ar ralo, sol forte; na mata não há bulha.

Fere o seco como na carne fere a agulha.

Não me queixo, por certo são sinais dos tempos.

Sobre o galho seco a juriti arrulha;

o chão seca; murcham pastos, e têm momentos

que a aridez traz ainda maiores tormentos:

queimam campos e matas com qualquer fagulha.

O que te conto; a minha prece, meu Deus,

clama por piedade com os filhos teus.

O oeste precisa chuva urgentemente.

Nem os bichos bebem – secaram os regatos;

humanos sofrem – alternam banhos baratos.

Olha o oeste catarinense, complacente!

D E P O I S ...

TERRA MOLHADA

Obrigado, meu Pai, por do oeste te lembrares!

Em nossa fé sabíamos da providência

que, cedo ou tarde, mudaria a inclemência

do clima, que há muito, atingiu nossos lares.

Somos teus filhos e te pedimos clemência.

E tu, que és todo bondade, nossos azares

mandaste fossem aos rios que os levou aos mares.

Te agradecemos, Senhor, tão grata indulgência.

Pós a chuva, meu Deus, nos envias o frio,

que rola ao sopro do vento. Num desafio,

pões à prova a fé dos homens; seu destemor.

Malhando, assim, na bigorna da onisciência,

temperas o aço da vida, sua essência,

que vem dos cântaros do teu paterno amor.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 11/11/2009
Reeditado em 15/11/2009
Código do texto: T1916992
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