ESTIAGEM
D U R A N T E...
ESTIAGEM
Que lindo dia, meu Pai! Outono sem ventos.
Ar ralo, sol forte; na mata não há bulha.
Fere o seco como na carne fere a agulha.
Não me queixo, por certo são sinais dos tempos.
Sobre o galho seco a juriti arrulha;
o chão seca; murcham pastos, e têm momentos
que a aridez traz ainda maiores tormentos:
queimam campos e matas com qualquer fagulha.
O que te conto; a minha prece, meu Deus,
clama por piedade com os filhos teus.
O oeste precisa chuva urgentemente.
Nem os bichos bebem – secaram os regatos;
humanos sofrem – alternam banhos baratos.
Olha o oeste catarinense, complacente!
D E P O I S ...
TERRA MOLHADA
Obrigado, meu Pai, por do oeste te lembrares!
Em nossa fé sabíamos da providência
que, cedo ou tarde, mudaria a inclemência
do clima, que há muito, atingiu nossos lares.
Somos teus filhos e te pedimos clemência.
E tu, que és todo bondade, nossos azares
mandaste fossem aos rios que os levou aos mares.
Te agradecemos, Senhor, tão grata indulgência.
Pós a chuva, meu Deus, nos envias o frio,
que rola ao sopro do vento. Num desafio,
pões à prova a fé dos homens; seu destemor.
Malhando, assim, na bigorna da onisciência,
temperas o aço da vida, sua essência,
que vem dos cântaros do teu paterno amor.