Soneto da Chuva


Gotas escorrem na vidraça da janela
Outras se acumulam nela em relevo
Fica opaca minha translúcida tela
Já não vejo o que sempre vejo.

Meu céu azul hoje está chorando
Num beijo de lágrimas toca a vidraça...
Do que será que está lembrando?
De como era linda a natureza casta?

Em dorido pranto revela a dor
Gotas de desesperança absoluta
Fonte inesgotável de um intenso amor...

Do alto vê a terra destruída
Sempre atento na sua escuta
Faz em silêncio a invocação da vida.