DE SÃO PAULO A SANTOS

DE SÃO PAULO A SANTOS

Tinge-se de cinzento o gasoso pálio;

cobre perigosas curvas essa nuança,

porém é do asfalto que vem a cobrança

quando subo no meu carro para o trabalho.

De curva em curva, veloz, teu carro avança;

Na descida úmida, o macio farfalho,

E oscila no asfalto o esférico malho.

Vais em busca de praias, feliz qual criança.

... e dançamos na pista a valsa da morte;

sob a égide do manto que selou a sorte,

no fundo do abismo, cenas de puro horror.

... e exploramos, mãos dadas, o universo;

os corpos – peças inúteis – foram dispersos.

Pena que só hoje conhecemos o amor!

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 10/11/2009
Código do texto: T1915178
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