PENITENTE

PENITENTE

Sou da solidão um parasita passivo,

deserdado do amor. A razão se compraz,

sem do coração a anuência falaz,

desse encosto fazer-se paciente ativo.

Estou ermitão, e de complexo mordaz,

a inferioridade me faz primitivo

limito-me à companhia dos com quem privo

laços de amizade que o acaso traz.

Mas no infinito estão escritos “bem-me-queres”,

(prognósticos do áugure) o almejo dos seres.

Ao fadário é temeroso se furtar!

Mas o idioma universal do amor, que lemos,

engloba a mística também dos extremos:

a solidão... e que nunca é tarde pra amar.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 09/11/2009
Código do texto: T1913272
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