CONTRAPESOS - soneto brasileiro

Já provei os sabores da alegria superna;

consumi já o consumismo de aventuras;

mostrei da face já muitas caricaturas.

Fui boêmio e cantor da poesia hodierna.

Provei, dest’arte, da dor augusta em matilha;

senti, entanto, n’alma amaro amor formidando

quando doce nilfa despertou-me e quando

provi, porém, em suprema paz a família.

Destrilhou-se ímpar nirvana sob meus pés.

Foi ela, qual bando de vorazes jacarés,

– solidão – devorou essa doce alquimia.

Devolveu-me restos – ossos – mas quem há de

dizer que vivo inda da crua dor da saudade,

se da fonte da vida jorra só magia?

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 08/11/2009
Código do texto: T1911535
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