CONTRAPESOS - soneto brasileiro
Já provei os sabores da alegria superna;
consumi já o consumismo de aventuras;
mostrei da face já muitas caricaturas.
Fui boêmio e cantor da poesia hodierna.
Provei, dest’arte, da dor augusta em matilha;
senti, entanto, n’alma amaro amor formidando
quando doce nilfa despertou-me e quando
provi, porém, em suprema paz a família.
Destrilhou-se ímpar nirvana sob meus pés.
Foi ela, qual bando de vorazes jacarés,
– solidão – devorou essa doce alquimia.
Devolveu-me restos – ossos – mas quem há de
dizer que vivo inda da crua dor da saudade,
se da fonte da vida jorra só magia?