NATAL TRISTE

NATAL TRISTE

(Póstumo: Noemia e Heitor)

Mais uma vez, saudade, vens ao arraial

e te instalas na ala esquerda desta redoma.

Quero apresentar-te a solidão chorona

que há anos coabita a casa em pranto desleal.

A fatia, a mais amarga, conosco coma

do pão ázimo da ceia deste natal.

Fora em seu lugar a ventura, mas qual!

O destino em próprias mãos não se toma.

Nos meus olhos, dos filhos e netos, bem funda

tristeza, de duas ausências na mesa oriunda,

faz o atro silêncio sem risos e palmas.

É sem cerimônia esta noite e triste,

porque a lembrança nos corações inda existe

e é sem fermento o pão em nossas almas.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 05/11/2009
Reeditado em 23/12/2011
Código do texto: T1906217
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