NATAL TRISTE
NATAL TRISTE
(Póstumo: Noemia e Heitor)
Mais uma vez, saudade, vens ao arraial
e te instalas na ala esquerda desta redoma.
Quero apresentar-te a solidão chorona
que há anos coabita a casa em pranto desleal.
A fatia, a mais amarga, conosco coma
do pão ázimo da ceia deste natal.
Fora em seu lugar a ventura, mas qual!
O destino em próprias mãos não se toma.
Nos meus olhos, dos filhos e netos, bem funda
tristeza, de duas ausências na mesa oriunda,
faz o atro silêncio sem risos e palmas.
É sem cerimônia esta noite e triste,
porque a lembrança nos corações inda existe
e é sem fermento o pão em nossas almas.