Ana Isabel Rodrigues de Ornelas Evento 1000 Sonetos
Amor silencioso...
Ana Isabel Rodrigues de Ornelas
Á noite, quando a teu lado me deito
E me agarro ao teu calor,
Procuro, na loucura do leito
A certeza do teu amor...
Impotente, sufoco no meu peito
A angústia, o medo e a dor
Deste meu eu, deste meu jeito,
Deste amor meu tão sofredor...
Quisera eu, silenciosamente, saber dizer
Algo diferente do que redigo e repito
Cansada de nada poder fazer...
Eu te amo, loucamente...amor maldito!
Amor querido! Em mim, por favor, faz por ler
O que sempre disse e o que nunca foi dito!
Amor obsessivo...
Ana Isabel Rodrigues de Ornelas
Dizem que sou louca por te amar assim,
Por te querer de um modo obsessivo,
Por te envolver num abraço sem fim,
Por te prender com um jeito efusivo.
Dizem que enlouqueci de tanto querer para mim,
Esse teu lado completamente lascivo,
Com que me alimento e vivo, enfim...
Em tormento, dor e amor decisivo.
Mas eu vivo! De saudável pensar e mente!
De vivência amada e colorida,
Oh, olhos e falas de discurso demente!
A minha alma feliz não está ferida!
O meu coração não está dormente!
A minha vida está, deliciosamente florida...
Quando o Amor Acontece
Ana Isabel Rodrigues de Ornelas
Porque fica tão complicado
Quando o amor acontece?
Porque fica o coração mutilado
Quando o amor falece?
Porque fico eu assim,
Lembrando um tal passado,
Que feriu dentro de mim
Algo de tão sagrado?
Choro! Entristeço! Faleço!
O que resta da minha alma
Já nem eu própria conheço...
Esqueço o meu ser, desfaleço!
Fecho o olhar! E vou na palma...
De uma mão. A um não começo...
Amor estranho
Ana Isabel Rodrigues de Ornelas
Meus olhos, cansados de não brilhar,
Procuram a medo o teu rosto,
Derretidos pelo calor, talvez por ser Agosto,
E cerram-se fixos e carentes no teu olhar.
Meus lábios, secos e frios de procurar,
Algo doce e terno com sabor a mosto,
Quedam doentes e isentos de gosto
Do mel e do fel do teu amar.
Por uns segundos vazios de dar,
Por uns instantes crus de dor,
Eu peço, eu quero acreditar
Que nesse teu tão estranho amor,
Mesmo que não o queiras aceitar,
É o meu nome, que chamas, com fervor.
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