Anna Paes Evento Mil Sonetos

Onde?

Anna Paes

Aquele sorriso maroto que mais parecia de moleque

descalço na calçada gelada que parecia sentir

quando ainda o sol fervilhava?

Onde foi parar o horizonte de teus olhos?

Tenho tanta coisa para te contar:

Do dia que caiu tristonho sem sua graça, presença

alheia a minha, seria nobreza da alma?

Seria falta de interesse?

Teus olhos se voltaram para um canto qualquer

onde os meus não paravam?

Cruel desengano, martírio, que dor insuportável

Onde a primavera te levou,

se teu canto me parece mais desencanto

que de mim, se esqueceu!

Anna Paes

Brasília-DF

29/09/2009

21h09

Viagem

Anna Paes

Deslizava, suave melodia entre águas e tintas

todos os meus sonhos de menina

Ancorava a vida, fantasias e

as tintas seguiam algum traçado indecente

buscando entre as águas algum clarão diferente

Luz do sol, da lua, das estrelas

Verde mar, azul anil, lilás arco-iris

Terra! ancorada nau

já não vaga solitária

Velas a prumo entrecortadas pelo vento

areias soltas, cegando passantes

revoam, ondas submergem, emergem

juntam espumas nos barcos

da minha vida

Anna Paes

28/09/2009

Insegurança

Anna Paes

Sinto-me insegura ao falar de poesia

Na rima ou sem rima tudo me parece obscuro

Se tento soneto, sai destoada a rima

Mas, a sinto num todo, como sopro

De anjo bem-humorado a carregar-me

pelos dedos ensaindo um verso ou dois

Para tentar rimar, na verdade

O que não consigo expressar

nem em versos, nem em prosa

Corro pelo meio se é dia

se é noite vou pela tangente

já não separo a prosa do verso

fico num reverso total

pois tudo é Poesia

28/09/2009

Em pleno vôo

Anna Paes

Navegando a mil por hora, foi-se a nau

Solta, leve, velas ao vento..

Vento forte soprava , navegava, navegava

Cheia de esperanças buscava o horizonte

Vislumbrava ao longe rios caudalosos,

florestas encantadas, arco íris, céu anil!

Folhas de coqueiro ao vento, balouçavam cordiais

Flores volitavam ao sabor do vento

Vento! A nau verde esperança

Agora marron navegava ao sabor das ondas

Triste destino! Quis o mar que não chegasse!

Ventania, naufrágio a vista

Horizonte perdido, nunca mais chegará

a pobre nau encantada!

Anna Paes

Divergências

"Que loucura é esta da lua aparecer-se metade, dentro do dia, escondida entre nuvens?/Parece desafeta

/O sol metade dentro da noite, do outro lado se esconde correndo léguas da Lua!"

Anna Paes

Nascente, Lua Cheia metade escondida

Anuncia seu explendor em laranja fogo

Enquanto o poente, temporal anuncia chuva

Como pode no céu, tanta divergência?

Assim como em nossa vida,

De um lado tantas vezes meio-dia

Outras tantas meia-noite

Nunca chegam a acordos

A lua corre ao Sol

E ele por se ver sozinho

Galopa para o oriente

Em sua cegueira ofuscante

Não pôde ver o clarão da Lua

Iluminada por ele.

Anna Paes

02/10/2009

http://www.avspe.eti.br/sonetos/indice.htm