Soneto de amor prematuro
Por que no vento vão fostes embora?
Mal chegara em nuvem de brandura,
Encheu-me de deleite e de ventura,
Um amor... Uma chama... Me devora!
Fostes minha luz! Minha terna aurora!
Orvalho matinal, sutil bravura!
Ó hirto seio honroso! Transfigura
No pôr-do-sol domando apraz flora!
Quanto tão de repente rompe o céu
Flamejando tua pudica luxuria
Que nos despe num ávido enleio!
Sim! Dê-me toda vida do teu seio!
Dê-me casto calor do honroso véu!
No teu vale virgem tão cheio de fúria!