SONETO DESABUSADO [CXXVIII]

Não cesso minha lira, nem que a vaca tussa;

irei meu estro içá-lo aonde houver altura

e não farei bravata... Canto por ternura,

porém ponho de lado a mais metida fuça.

Sei elevar o tom, já sem contar bravura...

Sou de pular qualquer barreira, por mais ruça,

e se o rebate assenta em muita carapuça,

então, bater que doa, sem descompostura.

Mas se me vens, de leve, com entendimento,

e tu dizes “eu fui além, não tomei tento”,

é certa a paz e não haver vias de fato.

Refuto o trivial, sem fim, do diz-que-diz;

se meus valores isto gritam, sou feliz

e odeio os becos vãos e estreitos do boato.

Fort., 28/10/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 28/10/2009
Reeditado em 28/10/2009
Código do texto: T1892512
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