AO DEUS SNETO (homenagem ao soneto)
AO DEUS SONETO
Não adeus, soneto. Não morreu, dorme lento.
Moderno canto deitou-lhe vinho na taça.
Só adormecida está sua cadência e graça
e como o pêndulo, faz a dança do tempo.
Imortal e insolente como a desgraça
traz no arcaísmo da rima seu pigmento.
A clássica metáfora em movimento
é a seda que o veste; a fada que o abraça.
Bradai hoje exultantes, oh! deuses arcaicos
a par da moderna voz, guindai os mosaicos
do peso e da forma e do estilo do amor.
Com o aroma do canto da lira obsoleta
lance âncoras a nau nos portos do poeta
que tange as musas de lírico sabor.