Penseroso
Tenho andado a passos curtos, taciturno
Passam-se os dias e as noites e eu incólume
Preso num ponto dum tedioso terror noturno
Vivendo com a languidez de um vaga-lume
Perguntam-me o que me fez tão soturno
Se é algum mal psicológico, não sei o nome
Talvez seja passageiro como um inverno
ou nunca acabe esta dor que me consome
Esta ânsia maldita, esta ausência insaciável
Este querer amar, esta amarga insanidade
Enfraquece-me como uma rachadura irreparável
Ruindo sob o peso de minha sobriedade
Nem mais consigo embriagar-me, é inevitável
Que eventualmente venha perder a sanidade