NORTE

NORTE

Longe da crença no porvir, portanto,

A querer tudo num momento só,

Não vê que a vida, dele, o bem maior,

Pode afogar-se nos falsos encantos.

E no desvairo, a causar espanto,

Dar-se o presente de partir, menor,

Num barco, a vapor da pedra de pó,

Cuja viagem vai direta ao pranto.

Sem diretrizes para um novo dia,

Singra, perdido no mar da má sorte,

Entre as brumas dessa onda de euforia

E, assim, no risco de aportar na morte

Ele mergulha fundo e se extasia

Nas vagas frias desse mar, sem norte.