O IPÊ E A MACRÓBIA [CXXVII]
Frondoso ipê floria, alegre, e a rua
aos nossos olhos muito se enfeitava;
e, ao passo que nos fios ele dava,
abateram-no, por maldade crua.
Às tardes, a casinha – que abrigava
o ipê – ficou bem triste e muito nua.
O sol banhava em fogo, não a rua,
mas toda a casinhola se crestava.
A última vivente do casebre,
macróbia já com seus talvez noventa,
a sós, sem ar e sombra, cai com febre.
Um mês, após, ao ver-se o ipê cortado,
graças à solidária gente, atenta,
um pobre esquife foi ser sepultado.
Fort., 25/10/2009.