Se a vida soubesse pedir perdão
Ele via a vida, e nela vivia todos os dias
Não sabia por que vivia, nem por que persistia
Aviava receitas,e nelas combinava alquimias
E a vida indiferente, que só aos fortes premia
Como se em oficina , ele montava amanhãs
Morriam à noite, seus sonhos das manhãs
Nos sonhos com rainhas, no sono com cunhãs
Dos frutos prometidos, tirava o pecado da maçã
O suor, a labuta, palco de todos seus projetos
Viam erigir, o que não sonhavam, seus sonhos secretos
Sem cores, sem sonoridade, seu mundo quieto
Um útero sem amanhã, ininterrupto, gerou mais um feto
Fez mais um servidor, como se fazendo objeto
Envergonhada a vida, como se cometido um incesto