ÁGUAS VIVAS

O rio que a paixão rasga no peito,

Por onde escorrem emoções e fantasias,

Se esparrama na planície em que me deito

E deixa marcas, muito mais que alegrias.

Água quente, água fria, apenas água,

Que não limpa, não sacia mas consome.

Nada leva; antes inunda-me de mágoa

E, quando a busco, ela evapora... e some.

Águas do rio de uma vida triste

Minam dos olhos desde que partiste,

Afogam a alma em turbilhões de ansiedade.

E ao desaguarem no mar das ilusões,

Talvez console saber que outros corações

Em seus mistérios sufocaram a saudade.

17.Fev.05