OLHOS DE RADAR [CXXVI]

Teus olhos rotativos, de radar,

olhos que já me crivam, quando os vejo,

incensam tanto amor e assaz desejo;

gritam paixões, em fogo de queimar.

Neles, posso sentir-me acalantado,

cada vez que me fitas, com fulgor,

e singro, então, teu mar interior

– os olhos teus, de um querubim alado.

Em teus olhos, ó diva, tão bonitos,

saltitam multicores infinitos,

e, aí, demais, soçobro em teus afagos.

E nos ficamos, um ao outro em frente,

sem neuras nem maldoso olhar de gente,

a nos deixar a sós, e mui bem pagos.

Fort., 24/10/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 24/10/2009
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