A ANTIARTE DE PICHAR [CXXV]
Pichar paredes, muros e portões,
enfim, pichar qualquer herdade alheia,
além de ser bobagem, sem senões,
gera antiarte para dar cadeia.
O pichador é traste que tu pões
no teu pior conceito, de mão-cheia,
a benzê-lo com tapas, safanões
e um banho de cipó, senão correia.
Pichar, que coisa estúpida, meu caro!
E pichador nem se gerou num leito...
Então, ao pichador, convém ser claro:
– Pichar igreja, estátua, monumento
é obra-prima para um cão sem jeito,
um vira-lata sem discernimento.*
Fort., 23/10/2009.
(*) Fui à livraria da UFC, em Fortaleza, em
junho de 1993. Ao ver o lindo prédio da
Reitoria e outros blocos da Universidade
inteiramente pichados, além das residências
do europeu e grã-fino bairro do Benfica, tão
fiquei indignado que, num improviso, fiz o
soneto supra. Revendo-o, hoje, tive que co-
locar muitos eufemismos, que o original era
bem mais desaforado. O último verso, por
ex., estava: “parto de égua xucra com ju -
mento.” Desculpem os impropérios, rsss.