TEMPORALIDADES (I)
TEMPORALIDADES (I) (Edson Moraes)
I
Nada é mais eterno neste mundo
Que teu olhar em mim por um segundo
Quantas promessas neste gesto traduzi
Vesti de gala meu olhar de vagabundo
E do meu peito ardente, bem do fundo
A flor mais bela da paixão eu recolhi
II
Nada é mais eterno nesta vida
Que o minuto em tua pele estremecida
E uma fogueira em cada poro acendi
Fiz deste amor a devoção de toda vida
Do teu pesar, da tua dor, minha ferida
O altar mais puro em teu louvor eu construí
III
Nada é mais eterno nesta senda
Que as horas todas de amor em oferenda
Ao teu prazer, como um escravo, ofereci
E me lancei contra a tristeza, na contenda
Para ganhar a ingratidão, única prenda
O aceno breve de um adeus que não previ
IV
Nada é mais eterno nesse instante
Que os dias, anos, de saudade latejante
A tropeçar na solidão, pensando em ti
O tempo passa, mas não é reconfortante
A eternidade jamais será bastante
Para entender porque nunca te esqueci!