OS MISERÁVEIS

Choro por quem chora a dor insistente.

Choro pelos mutilados, banidos,

pelos solitariamente esquecidos

a míngua da esperança - insuficiente.

Pela fé que não tenho, embora tente,

choro pelos humildes, desvalidos.

Esperam milagres desconhecidos,

de um espírito santo – indiferente.

Vida escorrendo por toda enchente,

abandona o náufrago dolorido

a espera da manhã seguinte - urgente.

Se eu fosse Deus, de um bem acometido,

daria o céu como herança - somente,

para os que a paz é um sonho imerecido.

A bonita "bronca" da poetisa Claraluna:

É da nossa natureza

Culpar Deus pelas desgraças

Esquecemos, com certeza

O lado ruim que ameaça.

Nosso Deus é cavalheiro

Não tirou de satanás

O que lhe deu por inteiro

E não tomará jamais.

Quem dá e toma é o capeta

Por preço exorbitante

Com ele ninguém se meta.

Ao Senhor peça perdão

Pela palavra aviltante

É dele seu coração.

Agradeço Clara pela sua sempre bonita interação.

Abraços poetisa.