Soneto inexplicável
Dor inquestionável, tamanha
a saudade, tanto o amor
que dentro de muros e grades
o sofrimento, só, se acanha.
Não é dor de pesar, nem de sanha;
não é angústia, consorte da aflição.
Se há espaço ainda no coração,
é de amor, esta lágrima tacanha.
Dor saudável, saudosa dor
Aperto no peito, sorriso
que agora em tudo me acompanha.
Misteriosa saudade de uma flor,
se tudo que eu preciso
está atrás daquela montanha.