Minhas Meninas
I
A primeira me chegou como se vinda da neblina
Olhos negros de azeviche, um sorriso cativante.
Nada ela me trouxe, não passava de uma menina
Também nada me levou. Nós dois estamos distantes.
II
Quando a segunda me surge, para a família formar
Pegou-me tão desarmado, sem ter a mínima noção
De como ser pai, marido; se de mãe não pude provar.
Seus olhos verdes, mutantes: guardo em meu coração.
III
Veio-me então a terceira, com o olhar posto no céu.
Misto de menina e mulher. Linda! Cheia de encantos.
Amei-a maduro, como homem! Andamos por todos os cantos.
IV
Chegou-me então, sorrateiro, o meu amor derradeiro.
De muito longe ele veio, trouxe repouso ao guerreiro.
Com este Amor, hoje quero, buscar meu pote de mel.
Quando ia para a fazenda de meu tio-avô Joãozinho, ainda criança, tinha de atravessar pinguelas feitas com troncos de árvores, buscando um equilíbrio incerto para não cair nos precipícios da estrada. Só respirava aliviado quando, ao abrir a penúltima cancela, era recepcionado pelo pássaro que me descobria chegante, a brindar-me com o costumeiro canto, que, de início, tanto medo me causava: “Bem-te-vi, te-vi, te-vi!”
Vale do Paraíba, manhã de Quarta-Feira, Novembro de 2008
João Bosco (Aprendiz de poeta)