Minhas Meninas

I

A primeira me chegou como se vinda da neblina

Olhos negros de azeviche, um sorriso cativante.

Nada ela me trouxe, não passava de uma menina

Também nada me levou. Nós dois estamos distantes.

II

Quando a segunda me surge, para a família formar

Pegou-me tão desarmado, sem ter a mínima noção

De como ser pai, marido; se de mãe não pude provar.

Seus olhos verdes, mutantes: guardo em meu coração.

III

Veio-me então a terceira, com o olhar posto no céu.

Misto de menina e mulher. Linda! Cheia de encantos.

Amei-a maduro, como homem! Andamos por todos os cantos.

IV

Chegou-me então, sorrateiro, o meu amor derradeiro.

De muito longe ele veio, trouxe repouso ao guerreiro.

Com este Amor, hoje quero, buscar meu pote de mel.

Quando ia para a fazenda de meu tio-avô Joãozinho, ainda criança, tinha de atravessar pinguelas feitas com troncos de árvores, buscando um equilíbrio incerto para não cair nos precipícios da estrada. Só respirava aliviado quando, ao abrir a penúltima cancela, era recepcionado pelo pássaro que me descobria chegante, a brindar-me com o costumeiro canto, que, de início, tanto medo me causava: “Bem-te-vi, te-vi, te-vi!”

Vale do Paraíba, manhã de Quarta-Feira, Novembro de 2008

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 17/10/2009
Reeditado em 22/11/2009
Código do texto: T1871176
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.